Outro dia, depois de meses em isolamento, fui a uma megalivraria perto de casa para comprar um livro. Para minha surpresa, a megalivraria tinha encolhido, como se fosse parte do cenário de Alice no País das Maravilhas. O playground onde as crianças liam, não existia mais. O acervo agora era bem reduzido. O ambiente, que era ruidoso e feliz, agora estava triste e sombrio. Não achei o livro.
Em meio à crise das livrarias e das bibliotecas em tempos de pandemia, uma boa notícia: número de crianças leitoras de 5 a 10 anos que leem por gosto aumentou de 40% para 48% entre 2015 e 2019. É o que revela a 5ª Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.
O levantamento, que é realizado a cada quatro anos desde 2007 sob coordenação do Instituto Pró-Livro, e nesta edição, com parceria do Itaú Cultural e participação do Ibope, pinta um retrato preocupante da leitura no Brasil. Mostra, por exemplo, que diminuiu de 56% para 52% o número de leitores no País.
A pesquisa considera que leitor é quem leu pelo menos partes de um livro nos três meses anteriores ao levantamento. Os 48% dos brasileiros que não leram, alegaram que não tiveram tempo (34%), não gostam (28%), não têm paciência (14%), preferem outras atividades (8%) ou têm dificuldade para ler (6%).
Destaques da 5ª Pesquisa Retratos da Leitura
foram ouvidas 8.076 pessoas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, incluindo todas as 27 capitais;
a média de livros lidos pelos brasileiros em um ano é 4,95;
aumentou de 44% para 48% o percentual de brasileiros que não leem;
22% das pessoas não gostam de ler;
a Bíblia é o livro mais lido, e Machado de Assis, Monteiro Lobato, Augusto Cury, Mauricio de Sousa e Jorge Amado os autores preferidos.
Edvaldo Fernandes da Silva
Pós-Doutorando em Ciência Política, Doutor em Sociologia, Mestre em Ciência Política, jornalista, advogado, professor de Educação Básica (1991-1996), professor universitário e cofundador da Rede Pedagógica.
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