Com o retorno gradual das aulas presenciais em escolas particulares de Manaus (AM), depois de quase quatro meses de suspensão, aumenta a preocupação quanto à segurança dos estudantes, professores e demais profissionais envolvidos na empreitada.
Estudo do professor titular da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Eduardo Massad estima que o retorno às aulas presenciais neste momento poderia causar a morte de 17 mil crianças professores e demais integrantes da comunidade escolar em todo o país. "Então abrir as escolas agora é genocídio”, disse em seminário online na última terça feira (14).
Mesmo assim, cerca de 200 instituições privadas e de 60 mil alunos já retornaram com aulas presenciais nesse modelo híbrido na capital do Amazonas, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM).
Primeira capital a passar por colapso nos sistemas de saúde e funerário por causa do novo coronavírus, Manaus registra há semanas queda número de casos e de mortes por Covid-19. A prefeitura da capital informou ontem (17) que havia 31.350 casos confirmados da doença, 243 pacientes internados com diagnóstico e 103 com suspeita. Já a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) computava 1.947 mortos na capital amazonense.
A FVS-AM estabeleceu 68 normas e recomendações a serem observadas pela instituições privadas que optarem pelo retorno às aulas presenciais, como, por exemplo:
lotação das salas de aula limitada a 50% da capacidade ou garantido o distanciamento mínimo de 1,5 m entre as carteiras ocupadas;
sistema de rodízio semanal entre alunos, com metade da turma em sala de aula, e a outra metade em casa realizando atividades de maneira remota;
prioridade a atividades que evitem aglomerações e que possam ser desenvolvidas em ambientes abertos e arejados;
plano de trabalho domiciliar ou remoto para estudantes do grupo de risco ou com familiares nesta condição ou quando o estudante ou seus familiares decidirem pelo ensino remoto;
não poderá haver contato físico entre os participantes em atividades de Educação Física;
redefinição, se possível, de horários de entrada e intervalo/recreio, de maneira que seja evitada a aglomeração de pessoas e a circulação simultânea de grande número de alunos nas áreas comuns do estabelecimento;
funcionamento de bibliotecas preferencialmente para empréstimo de exemplares, sem consulta ou leitura no local;
fechamento de brinquedotecas e sugestão de que crianças não tragam brinquedos de casa;
fechamento de salas de reuniões e salas multimídia;
na educação infantil distanciamento de pelo menos 2m entre as carteiras;
disponibilização de solução de álcool gel a 70%;
uso adequado e a todo tempo de máscaras cirúrgicas ou de tecido com no mínimo duas camadas.
Diante dos riscos envolvidos, é preciso ter muita cautela na retomada das aulas presenciais. A medida deve ser tomada após ampla discussão na comunidade escolar, atribuindo-se máxima prioridade à saúde e à segurança das crianças.
Em todo o caso, seguem aqui algumas recomendações para reduzir os riscos de contágio:
1. realizar limpeza e higienização constante de superfícies, como os tampos de carteiras e maçanetas de porta;
2. lavar as mãos com sabão e higienizá-las com solução de álcool gel etílico a 70%;
3. carteiras afastadas a pelo menos 1,5 uma da outra;
4. menos alunos e profissionais na sala de aula;
5. manutenção dos alunos na mesma sala de aula na medida do possível;
5. lanches na sala de aula;
6. medição constante da temperatura de todos os que frequentam os espaços escolares;
7. obrigatoriedade de uso de máscara para todos, exceto crianças abaixo de três ano.
Edvaldo Fernandes da Silva (edvaldo@fernandesdasilva)
Pós-Doutorando em Ciência Política, Doutor em Sociologia, Mestre em Ciência Política, jornalista, advogado, professor de Educação Básica (1991-1996), professor universitário e cofundador da Rede Pedagógica.
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