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Foto do escritorEdvaldo Fernandes da Silva

A centralidade das emoções na Educação de crianças

Como aumentar o rendimento de gente pequena por meio de abordagens afetivas


A ênfase em habilidades emocionais favorece o aprendizado e o bem-estar dos pequenos. É o que demonstram estudos recentes (1).

Os marcos teóricos e normativos da Educação Infantil no Brasil (2) ainda subestimam a importância da afetividade no desenvolvimento das crianças.

As emoções compreendem cinco dimensões:

1. o reconhecimento cognitivo, por exemplo, a associação de uma expressão facial como mensagem de reprovação, o que constitui um estímulo;

2. a expressão de um sentimento, por exemplo, o choro;

3. uma resposta periférica, por exemplo, um calafrio diante do aparecimento de um vulto;

4. uma tendência reativa, por exemplo, a vontade de se aproximar de uma pessoa que nos cumprimenta;

5. um sentimento subjetivo, por exemplo, a tristeza.



As emoções se configuram em um processo de dois estágios. No primeiro (reconhecimento cognitivo), o mecanismo de estímulo detecta um elemento da realidade ou do pensamento emocionalmente relevante; no segundo, desencadeia-se uma reação (a expressão de um sentimento; uma tendência reativa e/ou um sentimento subjetivo).

Compreender o sistema de emoções é fundamental para a construção de pontes de empatia entre o professor e o discente, as quais propulsionam o processo de aprendizagem. A Educação é muito mais efetiva em um ambiente em que prepondera a felicidade.


Estímulos negativos no ambiente escolar perturbam o desenvolvimento intelectual e a formação da identidade da criança. Por isso, o bullying e a exposição da criança pelo professor diante dos colegas são práticas incompatíveis com o ambiente de aprendizagem.

A timidez, que é uma das emoções mais deletérias ao desenvolvimento cognitivo e intelectual dos pequenos, é produzida pelo medo de reprovação. A criança precisa se sentir segura para se expressar no contexto da sala de aula. Para isso, é preciso que seja respeitada.

Por outro lado, os estímulos afirmativos, como elogios, a expressão de carinho e a empatia são reforços indispensáveis à Educação de gente pequena. O respeito é a palavra-chave do processo de formação pessoal que atribui às emoções a devida relevância.



Os professores devem estar atentos para regular situações que podem constranger as crianças e favorecer a sedimentação de emoções negativas, que prejudicam a personalidade para toda a vida. Quando administrar atividades em grupo, por exemplo, é necessário intervir para que não se formem as tradicionais e nocivas "panelinhas", que sinalizam que certas crianças são inferiores.

A ênfase na Educação balizada pelas emoções coloca em questão a posição do professor. Sem formação adequada, mal remunerado, desrespeitado social e profissionalmente, o docente enfrenta grandes dificuldades para se apresentar como referência de pessoa emocionalmente equilibrada para seus alunos. Por isso, uma reforma da Educação de crianças no Brasil deve implicar o ajustamento dos respectivos marcos teóricos e normativos, para promover, emocionalmente, não apenas as crianças, mas também os professores.




Notas:

1. E.g., Denervaud, S. & Gentaz, E. (2015). L’impact de la "méthode Montessori" sur le développement émotionnel et cognitif des enfants : une synthèse des recherches scientifiques quantitatives. A.N.A.E., 139, 593-598.

2. Refiro-me ao Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) de 1998; ao Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), de 2009; e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2017.


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